21 de março de 2012

O Dia

Amanhece, bons sons soam como músicas de velório; 
O sonho acaba e a dura realidade vem a tona;
As horas no relógio passam mas nada se altera;
Perdido em pensamentos distantes do real, pensando em formas pra concretizar a felicidade;
Ah! Como é boa essa felicidade!
Mas as edificações não parecem se sustentar;
Há algo errado;
Tudo esta em perigo;
Mas não desisto fácil, espere pra ver!
Soa o sino, mortos marcham pelos portões do cemitério;
De volta ao enterro, sou enterrado;
Lacram minha tumba;
Todos os mortos me aprisionam, me impedindo de viver;
Não há como escapar da minha tumba, não sozinho;
Meu refúgio está longe;
Fico observando sem saber onde estou;
E me pergunto: como escapar?
Mas é uma pergunta retórica;
Aprisionado na escuridão, no silencio e na eternidade em que dura cada segundo;
Por mais cheia que esteja a represa, eu continuo trancando as comportas;
Lembranças vem em minha mente como temporais e transbordam as represas, e não há quem consiga conter essas fortes águas;
Na verdade há, mas estou preso no tempo escuro e melancólico de minha tumba;
De minhas mãos só saem marchas fúnebres;
Meus ouvidos ouvem angústia;
Meus olhos não conseguem se erguer;
Eis que surge uma chance de escapar;
Agarro-a desesperadamente e corro em direção ao meu refúgio;
Em fim seguro;
Reparo os danos feitos em minha fortaleza;
Edifico muros altos em seu redor;
Protejo-a com minha vida e a deixo descansar em meus ombros;
Suavemente pegando no sono com um sorriso no rosto;
Não há tempo pra mim;
Logo me cercam e sou obrigado a deixar minha fortaleza; 
Em minha tumba sou aprisionado novamente;
O tempo obscuro e melancólico volta a tomar conta do meu redor;
Tento sonhar acordado, mas os mortos me impedem;
Então adormeço e entro no mais profundo sono;
Acordo em meu funeral, e tudo torna a acontecer.